quarta-feira, 18 de julho de 2007

Um mundo melhor começa em nós...

Vilmar Berna

Fundador e editor do Jornal do Meio Ambiente e do site http://www.jornaldomeioambiente.com.br/ considerados importantes referências na democratização da informação ambiental no Brasil. É autor de mais de 13 livros publicados. Como ambientalista fundou diversas associações ambientalistas sem fins lucrativos como os Defensores da Terra, Univerde e o IBVA – Instituto Brasileiro de Voluntários Ambientais, do qual é o atual presidente. Recebeu em 1.999, no Japão, pelas Organizações das Nações Unidas, o Prêmio Global 500 Para o Meio Ambiente, concedido antes a personalidades como Chico Mendes e Betinho. Em setembro de 2003, Vilmar recebeu também o Prêmio Verde das Américas.


Todos nós desejamos viver num mundo melhor, mais pacífico, fraterno e ecológico. O problema é que as pessoas sempre esperam que esse mundo melhor, comece no outro. Por exemplo: preferem esperar que um vizinho ou amigo convide para plantar uma árvore ou começar uma coleta seletiva de lixo, em vez de tomar a iniciativa. Tem gente que acha mais fácil ficar reclamando que ninguém ajuda, mas não se perguntam se estão fazendo a sua parte em defesa do Planeta. Uma coisa é certa, para conseguir convencer os outros a modificarem seus hábitos, precisamos modificar os nossos primeiro, não é mesmo? Se queremos um planeta preservado, de verdade, não basta apenas lutar contra poluidores e depredadores. É preciso também nos esforçarmos para mudar nossos valores consumistas, hábitos e comportamentos que provocam poluição, atitudes predatórias com os animais, as plantas e o meio ambiente. Mas só isso não basta, pois não há coerência em quem ama os animais e as plantas mas explora, humilha, discrimina, odeia seus semelhantes. Por isso, precisamos, além de ambientalistas, nos esforçarmos para sermos mais fraternos, democráticos, justos e pacíficos com os nossos semelhantes. Você não acha? Por outro lado, é importante não ficar esperando a perfeição individual - pois isso é inatingível. O fato de adquirirmos consciência ambiental, não nos faz perfeitos nem mais democráticos. O importante é que tenhamos o compromisso de ser melhor todo dia, procurando sempre nos superarmos. Um sábio chinês chamado Confúncio disse, há cerca de 5 mil anos, que se alguém quisesse mudar o mundo, teria de começar por si próprio, pois mudando a si próprio, sua casa mudaria. Mudando sua casa, a rua mudaria. Mudando a rua, o bairro mudaria. Mudando o bairro, mudaria o município e assim por diante, até mudar o mundo. Mas a luta por um meio ambiente melhor é uma luta também pela cidadania, e isso não é uma tarefa de um ou dois anos, mas um processo para a vida toda. Só que ninguém nasce democrático e cidadão. Isso se constrói aos poucos. Falar muito não significa comunicar muito. É preciso pensar antes de falar, escolher bem as palavras e exercitar falar resumindo ao máximo o pensamento, falando apenas quando o que tiver de ser dito estiver claro em nossa mente. Também é preciso dar o exemplo pois não adianta falar uma coisa e praticar outra. A comunicação se torna vazia quando as palavras não são coerentes com a prática. Mas quem quer falar bem precisa antes de tudo saber escutar bem, aprender a ouvir o outro e não ficar pensando no que vai dizer depois que o outro parar de falar. Ninguém é dono da verdade, precisamos uns dos outros para construirmos nossa verdade e isso só se consegue através do diálogo. Para isso precisamos estar em sintonia com relação aos objetivos do grupo - procurar debater a partir da realidade, sem complicar um diálogo, que interessa a todos do grupo por problemas pessoais ou antipatias. Problemas de relacionamentos sempre existem, pois o fato de estarmos unidos em torno do objetivo de defender a natureza não nos torna perfeitos. Cabe fazer uma avaliação dos sentimentos, conhecendo os motivos de nossas reações diante de determinadas pessoas e não deixar que isso interfira no diálogo dentro do grupo.

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